Eu estava dando uma olhada sobre as últimas notícias sobre o diretor espanhol Pedro Almodóvar quando vi o twitt acima. Bicho... percebi que tô 'na vibe' Almodóvar há quase cinco anos!É que quando era estudante de jornalismo na Favip, participei de um cine clube com o professor Florilton Tabosa. O professor era O CARA. Morreu no início de 2006, deixando as crias dele órfãos. Órfãos até hoje...
Foi com ele que eu, @Danielajornalis, @francoandresa e outros colegas, abrimos os olhos pa
ra o que era cinema. Até então, o cinema hollywoodiano era o nosso norte. Aí chega Flor com Win Wenders, Fraçois Truffaut e Pedro Almodóvar.
Aí eu e nossos colegas, do alto da nossa superioridade por sermos estudantes do 1º período de jornalismo, começamos a 'interpretar' coisas. Porque todos os filmes que tinhamos assistido até então tinha muita cena de sexo. Explícito.
Um dia, no antigo Shopping Caruaru (que ainda tinha cinema), estavamos jantando quand
o chega Florilton acompanhado de uma mochila de couro marron pendurada do lado esquerdo do corpo, camisa xadrez manga curta, calça jeans azul, All Star vermelho e uma lata de Coca-Cola na mão:
(Momento, um encarando o outro, eu falo) - Flor, a gente gostou. Mas eu queria saber uma coisa...
- Diga lá
- Porque que todos os filmes que você passou até agora, só falavam de sexo? É uma safadeza da porra...
Ele parou um minuto. Observou os rostos de todos, baixou a cabeça com uma nesga de riso e disse a frase que ecoa nos meus ouvidos até hoje:
- A safadeza, meu amiguinho, tá na sua cabeça. Se você não tivesse uma mente tão suja, tinha percebido que os filmes são uma metalinguagem. É cinema falando de cinema. As cenas de sexo, não chegam a ser nem secundárias no enredo.
Baixei a cabeça envergonhado. Aliás, até hoje não levantei. A força daquelas palavras arrombaram as portas que a gente precisava pra descobrir que cinema é muito mais que cenas, enredo, trilha. É a arte da vida na vida da arte.